Início do
século XXI: o Brasil se preparava para retomar o aumento dos investimentos na
produção do etanol, diante de uma possível escassez do petróleo e aumento da
poluição ambiental. Com a invenção do motor flex – cujas vendas ultrapassaram a
faixa de 80% dos carros produzidos no país – e os baixos valores do
biocombustível na época, já que o custo de produção da cana-de-açúcar era o
menor do mundo, sua crescente demanda se acentuou nos anos 2000, fazendo do
Brasil o segundo maior produtor de etanol do planeta e maior exportador mundial.
Este
cenário confortável durou até 2009, quando os empresários subiram os preços do
álcool, que deixou de apresentar vantagem competitiva frente à gasolina, com
drástica redução de sua venda, o que os motivou a investir na produção do
açúcar, que obtinha preços melhores no mercado.
Passados
quatro anos do boom brasileiro do
chamado combustível verde, o panorama apresentado mudou, já que, temendo uma
escalada descontrolada da inflação, o governo segurou os preços dos derivados
de petróleo. Diante disto, a demanda de gasolina e diesel está cada vez mais
alta por causa de seus preços congelados, ao contrário do álcool, todavia se
equivoca quem pensa que isto foi bom para a Petrobrás, já que o Brasil vem
enfrentado uma série de entraves para o crescimento econômico, como a elevação
da inflação e do dólar. Com isso, o país optou por reduzir sua produtividade e
fomentar ainda mais o consumo através da não alteração da política de preços,
como foi o caso do combustível.
Se, aliado
a uma política de preços mais justa por parte dos produtores alcooleiros, o
governo adotasse medidas tais como o corte de despesas públicas e repasse de
aumentos – é o caso da Petrobrás que, diante da queda na produção e elevação da
demanda, é obrigada a importar mais combustível a preços altíssimos, sem poder
repassar o valor aos consumidores finais – o etanol ganharia mais fôlego para
entrar na competitividade e ajudar a equilibrar a economia, reduzindo a
inflação. Pois, mesmo que o bom crescimento da safra de cana e o incentivo
fiscal concedido às usinas de etanol tenham contribuído para um pequeno aumento
de suas vendas, ainda há muito que se fazer para fortalecê-lo no mercado.
Por Mariana da Cruz Mascarenhas
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