segunda-feira, 30 de julho de 2012

Telefonia móvel: recorde de usuários, declínio dos serviços



Mais veloz do que o aumento populacional brasileiro, existe outro tipo de crescimento que ultrapassa consideravelmente o número de pessoas existente no Brasil: a telefonia móvel, que hoje apresenta 256 milhões de linhas ativas para 191 milhões de brasileiros.

Isso se deve à quantidade de aparelhos móveis por pessoa presentes no país, já que muitos consumidores optam por ter mais de um celular ou chip. São tantos números telefônicos que, pelo menos em parte do estado mais rico do Brasil, onde essa proporção é mais gritante, as regras terão de mudar para abrir espaço às novas linhas que surgirão. A partir do dia 29 de julho foi acrescentado um nono dígito em todos os celulares da Grande São Paulo e imediações, cujo DDD é 11.

Mas, ao contrário do crescimento de consumidores que ocasionou uma gradativa e elevada geração de lucros, para as operadoras de celular, os serviços oferecidos por estas seguiram na direção contrária, deteriorando-se na proporção do aumento de vendas.

 As companhias de telefonia móvel não somente ganharam mais clientes, como também mais reclamações destes,  motivados pela má qualidade na prestação de serviços, principalmente no que tange à queda do sinal das ligações, às dificuldades para completar chamadas e às zonas de sombra, onde o sinal efetivamente não funciona. Sem citar o péssimo atendimento ao consumidor e o fraco pós-venda.

Pensou-se apenas na elevação quantitativa do número de clientes e na consequente obtenção de lucro, mas não no aprimoramento de uma estrutura eficiente que comporte e atenda tantas linhas de modo preciso e com uma boa qualidade de serviços. A operadora TIM aumentou o número de seus usuários em 88% desde o ano de 2008. O motivo para tamanha expansão deve-se às inúmeras promoções criadas para atrair mais e mais clientes. Cito, como  exemplo, aquela na qual os donos de celulares da TIM pagarão apenas o primeiro minuto, ao efetuarem uma ligação para outro aparelho de mesma operadora, não importando de que outro lugar do país a pessoa com quem se fala esteja.

Diante disso, a Agência Nacional de Telecomunicações – Anatel – resolveu punir as companhias de telefonia móvel OI, TIM e Claro de modo que elas ficassem proibidas de vender chips de celular nos estados em que receberam maiores reclamações. No 2º lugar do ranking de maior telefonia móvel, ficando atrás apenas da Vivo, a TIM foi a que mais se saiu prejudicada ao ser impossibilitada de vender seus serviços em dezoito estados. Em São Paulo, apenas a Claro foi proibida de vender chips.

A Anatel também determinou que todas as operadoras de celular – incluindo as que não foram punidas – deverão apresentar, em um prazo de 30 dias, um plano que contenha soluções para resolver os principais problemas de que os usuários reclamam como falta e comprometimento de sinal.

A medida tomada pela Anatel deve servir de estímulo para que as operadoras de celular invistam em infraestrutura, proporcionando maior qualidade e efetividade dos serviços, e não apenas com estratégias de obtenção de mais clientes, focando apenas nos lucros, mas conscientizando-se que mais usuários bem atendidos repercutirão automaticamente em melhores serviços, gerando uma expansão responsável, ética, sustentável, além da consolidação da imagem e reputação empresarial. Não é a toa que a telefonia celular é o serviço que mais causa insatisfação nos brasileiros, liderando o ranking de reclamações dos órgãos de defesa do consumidor.

Por Mariana da Cruz Mascarenhas

domingo, 22 de julho de 2012

E o PIB permanece no mesmo lugar!



Desde o fim do ano passado, o valor do  PIB – Produto Interno Bruto - brasileiro permaneceu praticamente inalterado e seu crescimento não ultrapassou a taxa de 2,5%. Buscando mudar esse cenário o governo do Brasil vem adotando diversas medidas as quais acredita serem eficazes para alavancá-lo.

Redução dos juros das instituições bancárias públicas, aumento da concessão de créditos, incentivo a determinadas indústrias e estímulo ao crescimento do mercado automobilístico fazem parte do conjunto de medidas que visam a melhora econômica brasileira. A Selic – taxa básica de juros – foi reduzida a proporções históricas (ao nível de 8%) visando incentivar a concessão de empréstimos a juros baixos por parte dos bancos, disponibilizando mais recursos para que, com o incremento do consumo, os consumidores brasileiros possam movimentar a produção e os serviços.

O tempo foi passando, tais medidas foram sendo implantadas, mas o valor do PIB não se locomoveu. Permanecendo sob o mesmo patamar em que se encontrava quando o governo ainda discorria sobre o que fazer para acelerar a economia, o valor do PIB continua a níveis bem mais reduzidos se comparado principalmente ao ano de 2010, quando seu valor atingiu um crescimento de 9% no primeiro trimestre. A maior aceleração desde 1995.

Naquela época o mundo todo pôde sentir as consequências do estouro da bolha imobiliária do mercado financeiro norte-americano em função da grande crise econômica, que atualmente espalha seus tentáculos sobre a Europa, provocando um agravante desequilíbrio financeiro em grande parte dos países que adotaram o euro. Mas no período de estouro da crise, o Brasil quase não sentiu impacto em razão da boa situação econômica em que se encontrava, aliada às reservas financeiras, que permitiram que as engrenagens da produtividade brasileira não parassem de rodar.

Entretanto, o efeito “marolinha” da crise, como descrito pelo ex-presidente Lula, agora parece querer ganhar forças para se tornar ao menos um pequeno tornado, já que a situação econômica brasileira não se encontra tão favorável como outrora e o valor do crescimento financeiro permanece inalterado.

Diante deste cenário somos obrigados a questionar o motivo para que o PIB não consiga mais decolar. A resposta se encontra numa pequena palavra denominada infraestrutura. Com a queda das exportações brasileiras motivada pela crise externa, o país precisa voltar os olhos para o lucro interno, o qual não pode ser oriundo apenas do incentivo ao consumo, mas, primeiramente, da produtividade.

A qualificação da mão de obra e o estímulo à competitividade entre as empresas são pilares fundamentais para aprimorar a infraestrutura brasileira, considerada o alicerce para a sustentação de uma economia. No entanto, o governo parece andar em sentido contrário ao fomentar ainda mais o intervencionismo estatal, algo que neste momento não é a melhor solução, considerando-se que tudo que o setor privado menos precisa atualmente é de entraves que dificultem o seu desenvolvimento. E, para agravar a situação e exemplificar o que foi dito, basta analisarmos a atitude do governo brasileiro que, ao invés de acelerar, contribuiu para o atraso da engrenagem da produtividade, ao elevar a tributação dos investimentos e empréstimos internacionais, intervir na cotação do dólar, impor barreiras aos produtos importados entre outros...

É preciso analisar que muitos destes produtos importados se encontram a preços abaixo dos nacionais, o que contribuiria para que determinadas empresas reduzissem gastos na compra de equipamentos de forma a terem um maior aparato para produzir a custos mais baixos, o que seria bom para alavancar a produtividade, já que um maior número de indústrias estaria disponível para comprar o material necessário à produção. Entretanto, o governo precisa se conscientizar disso e reduzir a tributação de determinados produtos de origem estrangeira.

Na Argentina, por exemplo, muitas empresas privadas já estão se desacostumando com o termo “importação”. Diante da crise europeia que se abate sobre as nações de todo o mundo, a presidente argentina Cristina Kirchner resolveu adotar medidas extremamente protecionistas e proibir as empresas de realizar importações de diversos produtos – sendo muitos deles essenciais para a manutenção da produtividade do país.

Qualquer argentino que queira comprar dólar passará por pesadas restrições que visam justamente o controle excessivo sobre a entrada de capital e materiais estrangeiros no país. Como consequência desse intervencionismo estatal abusivo, as corporações argentinas se encontram praticamente estagnadas, muitas fecharam ou estão a ponto de fechar suas portas.

O intervencionismo estatal presente na Argentina é um belo exemplo de medidas que não devem ser tomadas para lidar com a crise europeia. Se as economias dos países desenvolvidos estão se desvalorizando e se comprometendo com a crise, a adoção de medidas protecionistas de caráter extremo por parte dos países em desenvolvimento, para que não sintam o impacto financeiro negativo, não é a melhor solução. Sem as importações, as empresas não poderão deter de aparato suficiente para manter a produtividade.

Portanto, os governos brasileiro e argentino, principalmente, deveriam parar para refletir que este é o melhor momento para a compra de produtos estrangeiros essenciais para alimentarem a engrenagem da economia e do PIB, contanto que estes países reduzam suas tarifas de importação ao invés de aumentá-las dificultando a participação no comércio exterior. 

Por Mariana da Cruz Mascarenhas

terça-feira, 3 de julho de 2012

Investimentos: o verdadeiro passo para a ascensão econômica do Brasil



Recentemente o Brasil tem passado por uma redução do crescimento de seu PIB econômico e também pela diminuição de suas exportações em função da crise europeia, que dificultou e diminuiu as relações comerciais entre Brasil e Europa.  A fim de reverter a situação e retomar a ascensão econômica brasileira, a presidente Dilma Rousseff elaborou uma lista de exigências que inclui a redução dos juros bancários – principalmente – e a concessão de maiores créditos que possam incentivar o consumidor a adquirir produtos brasileiros, já que o país foi obrigado a voltar-se para o mercado interno, em busca de margem de lucro, pois, com a recessão europeia reduziu-se a intensidade do comércio exterior em países de todo o mundo.

Visando proporcionar uma maior obtenção de lucros para o Brasil sem elevar as taxas inflacionárias, a presidente objetiva manter um difícil equilíbrio entre juros e inflação de modo que os dois alcancem patamares reduzidos.

Entretanto, a redução dos juros nem sempre surte os efeitos desejados, tendo em vista o risco considerável da inadimplência que acarretaria numa redução econômica ainda maior para o Brasil – com a redução dos juros e a maior oferta de crédito cria-se um maior estímulo para o aumento de empréstimos e, consequentemente, de endividamentos com bancos e instituições financeiras como já vem ocorrendo com parte das famílias brasileiras que aumentou suas dívidas. Tal fato não descartaria uma possível quebra financeira em instituições bancárias e agências de empréstimo.

Transcorrido algum tempo após a adoção destas medidas, muitos fatores demonstram que elas ainda não causaram impacto ao comércio e, por consequência, ao mercado financeiro, alcançando a melhoria financeira esperada. Incentivou-se o consumo, mas a produtividade permaneceu praticamente inalterada, não obstante a demanda por parte desses consumidores tenha continuado no mesmo ritmo de crescimento.

O Banco Central já reduziu a previsão de crescimento do PIB deste ano de 3,5% para 2,5%, ou seja, a economia brasileira realmente está sofrendo uma acentuada desaceleração que se reflete no principal pilar – imprescindível para a infraestrutura do país – o do investimento, o qual deveria ter recebido mais incentivos. No entanto, o governo optou por ampliar a possibilidade de consumo sem uma demanda tão eficiente para isso, ou seja, pensou-se em incentivar a compra, mas não se pensou em estratégias que aumentem a produtividade que atenda as necessidades da população em bens.

“É importante estimular investimentos, pois eles são a mola do crescimento”, essa foi a declaração feita pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, que somente agora parece ter percebido, juntamente com o governo, que a produtividade é o principal ponto de estímulo ao crescimento econômico, com o lançamento do PAC Equipamentos. Trata-se de um plano para aumentar o investimento industrial em que o governo investirá na aquisição de caminhões e máquinas para a construção civil, bem como de veículos militares, mesmo se os preços destes forem até 25% mais altos que os similares importados.

O programa inclui a redução da taxa de juros do BNDES de 6% para 5,5% ao ano. Apesar de tais medidas representarem menos de 1% da produção anual da indústria brasileira e 0,18% do PIB, em função do valor gasto com a aquisição dos produtos (8,4 bilhões), elas já representam um passo a ser dado para que aos poucos esses investimentos possam crescer mais, alavancando o verdadeiro e correto modo de se incentivar a ascensão econômica brasileira de forma linear e desprovida de oscilações.

Por Mariana da Cruz Mascarenhas