Na quarta-feira do dia 15 de agosto a presidente Dilma Rousseff anunciou
uma série de medidas as quais, confrontadas com a gestão pública do PT (que
defende a estatização de empresas), chega até mesmo a compor um paradoxo
político e ideológico: trata-se da privatização de portos, aeroportos, rodovias
e ferrovias que integram o plano de ações batizado de Programa de Investimento
em Logística.
Entre as medidas anunciadas pela presidente está a concessão de 7500
quilômetros de rodovias e 10000 quilômetros de ferrovias à iniciativa privada,
além da discussão que acontecerá nas próximas semanas sobre a redução das
tarifas de energia, desoneração da folha de pagamento das empresas e privatização
dos portos e aeroportos.
Se considerarmos apenas as ações implantadas pela presidente Dilma em
sua gestão desde a entrada no poder, veremos que tais medidas não são tão
surpreendentes assim. A ex-ministra da Casa Civil entrou no Palácio do Planalto
e lá se instalou mostrando foco e determinação na tomada de atitudes que
pudessem melhorar a imagem do país. E assim ocorreu: diante da sucessão de escândalos
que se abateram sobre a Esplanada dos Ministérios em 2011 ela não relutou em
demitir seis de seus ministros em apenas 10 meses de governo.
No período que sucedeu o escândalo que culminou com a demissão do então
ministro da Casa Civil, Antônio Palocci, enquanto petistas permaneciam em
constante discussão sobre quem seria o seu sucessor, Dilma passou à frente e
colocou Gleisi Helena Hoffman para assumir o cargo, medida que gerou o
descontentamento de muitos membros de seu próprio partido. Contudo, ela não se
deixou abalar pelas críticas petistas. Para citar outro exemplo da demonstração
de seu poder desprovido de influências alheias, ela demitiu o presidente da
Petrobrás, José Sérgio Gabrielli, ao descobrir, entre outros motivos, que ele
havia participado de reuniões às escondidas com nada mais nada menos do que
José Dirceu, principal réu do atual julgamento do Mensalão. No lugar de
Gabrielli a presidente colocou Maria da Graça Foster no cargo.
Agora Dilma parece ter utilizado da mesma determinação que outrora tivera
na adoção de medidas que alavanquem o crescimento brasileiro e contribuam para
um país mais desprovido de corrupção, sem se preocupar com a crítica de aliados.
Não é de hoje que o PIB nacional tem crescido a valores quase nulos, contribuindo
para uma estagnação econômica. Depois de incentivar a oferta de crédito e,
consequentemente, maior compra de produtos brasileiros como forma de acelerar o
valor do PIB, a presidente se volta para a concretização de medidas que começaram
a ser discutidas desde março, quando ela se reuniu por três horas com os
maiores empresários do Brasil para falar a respeito: a privatização – ou
concessão de serviços.
Diante da atual situação financeira, Dilma finalmente toma o caminho
certo ao escolher privatizar determinados setores do transporte nacional. Para
que um país possa se desenvolver de modo cada vez mais gradativo e livre de
estagnações ou quedas econômicas a parceria público-privada reveste-se de um
caráter essencial. Assim como é impossível que um país seja controlado em toda
sua estrutura por corporações estatais, a impossibilidade também é válida no
caso das companhias privadas.
Entretanto, o governo precisa conscientizar- se da necessidade de conceder determinados setores do país a empresas privadas para que assim eles possam manter sua funcionalidade ideal, enquanto que o Estado precisa se preocupar em atender as necessidades essenciais da população, já que ele não conseguirá administrar eficientemente todas as áreas do país – o que muitas vezes acaba resultando em desvio e lavagem de dinheiro, ilegalidades que têm marcado há décadas constante presença nas ações cometidas por alguns membros do governo.
Entretanto, o governo precisa conscientizar- se da necessidade de conceder determinados setores do país a empresas privadas para que assim eles possam manter sua funcionalidade ideal, enquanto que o Estado precisa se preocupar em atender as necessidades essenciais da população, já que ele não conseguirá administrar eficientemente todas as áreas do país – o que muitas vezes acaba resultando em desvio e lavagem de dinheiro, ilegalidades que têm marcado há décadas constante presença nas ações cometidas por alguns membros do governo.
Como já disse anteriormente, a presidente Dilma tem tomado medidas para
incentivar o consumo, contribuindo assim com o crescimento econômico, e diante
da crescente demanda é necessário propiciar oferta adequada, a qual só é
garantida com o aumento da produtividade, com condições adequadas para atingir
a população como um todo.
É onde entra o setor da logística, no qual a área privada apresenta-se
como aquela melhor dotada para prover das eminentes condições a esta cadeia. A
privatização das ferrovias, por exemplo, cuja falta ou mesmo os precários
atributos atualmente atravancam a adequada circulação dos produtos brasileiros,
é extremamente relevante, pois este meio de transporte carece não só de
melhorias urgentes, como da expansão de sua malha a nível nacional, seja para o
escoamento da produção, seja no transporte de passageiros.
Portanto, torçamos para que a presidente continue seguindo a linha mais
correta de decisões para alavancar o país e não se deixe influenciar por
aliados que, visando apenas o benefício próprio, usarão de vários argumentos
para se oporem a tais medidas de privatização.
Por Mariana da Cruz Mascarenhas