sábado, 25 de agosto de 2012

Dilma e as privatizações: o caminho certo para a evolução brasileira




Na quarta-feira do dia 15 de agosto a presidente Dilma Rousseff anunciou uma série de medidas as quais, confrontadas com a gestão pública do PT (que defende a estatização de empresas), chega até mesmo a compor um paradoxo político e ideológico: trata-se da privatização de portos, aeroportos, rodovias e ferrovias que integram o plano de ações batizado de Programa de Investimento em Logística.

Entre as medidas anunciadas pela presidente está a concessão de 7500 quilômetros de rodovias e 10000 quilômetros de ferrovias à iniciativa privada, além da discussão que acontecerá nas próximas semanas sobre a redução das tarifas de energia, desoneração da folha de pagamento das empresas e privatização dos portos e aeroportos.

Se considerarmos apenas as ações implantadas pela presidente Dilma em sua gestão desde a entrada no poder, veremos que tais medidas não são tão surpreendentes assim. A ex-ministra da Casa Civil entrou no Palácio do Planalto e lá se instalou mostrando foco e determinação na tomada de atitudes que pudessem melhorar a imagem do país. E assim ocorreu: diante da sucessão de escândalos que se abateram sobre a Esplanada dos Ministérios em 2011 ela não relutou em demitir seis de seus ministros em apenas 10 meses de governo.

No período que sucedeu o escândalo que culminou com a demissão do então ministro da Casa Civil, Antônio Palocci, enquanto petistas permaneciam em constante discussão sobre quem seria o seu sucessor, Dilma passou à frente e colocou Gleisi Helena Hoffman para assumir o cargo, medida que gerou o descontentamento de muitos membros de seu próprio partido. Contudo, ela não se deixou abalar pelas críticas petistas. Para citar outro exemplo da demonstração de seu poder desprovido de influências alheias, ela demitiu o presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli, ao descobrir, entre outros motivos, que ele havia participado de reuniões às escondidas com nada mais nada menos do que José Dirceu, principal réu do atual julgamento do Mensalão. No lugar de Gabrielli a presidente colocou Maria da Graça Foster no cargo.

Agora Dilma parece ter utilizado da mesma determinação que outrora tivera na adoção de medidas que alavanquem o crescimento brasileiro e contribuam para um país mais desprovido de corrupção, sem se preocupar com a crítica de aliados. Não é de hoje que o PIB nacional tem crescido a valores quase nulos, contribuindo para uma estagnação econômica. Depois de incentivar a oferta de crédito e, consequentemente, maior compra de produtos brasileiros como forma de acelerar o valor do PIB, a presidente se volta para a concretização de medidas que começaram a ser discutidas desde março, quando ela se reuniu por três horas com os maiores empresários do Brasil para falar a respeito: a privatização – ou concessão de serviços.

Diante da atual situação financeira, Dilma finalmente toma o caminho certo ao escolher privatizar determinados setores do transporte nacional. Para que um país possa se desenvolver de modo cada vez mais gradativo e livre de estagnações ou quedas econômicas a parceria público-privada reveste-se de um caráter essencial. Assim como é impossível que um país seja controlado em toda sua estrutura por corporações estatais, a impossibilidade também é válida no caso das companhias privadas. 

Entretanto, o governo precisa conscientizar- se da necessidade de conceder determinados setores do país a empresas privadas para que assim eles possam manter sua funcionalidade ideal, enquanto que o Estado precisa se preocupar em atender as necessidades essenciais da população, já que ele não conseguirá administrar eficientemente todas as áreas do país – o que muitas vezes acaba resultando em desvio e lavagem de dinheiro, ilegalidades que têm marcado há décadas constante presença nas ações cometidas por alguns membros do governo.

Como já disse anteriormente, a presidente Dilma tem tomado medidas para incentivar o consumo, contribuindo assim com o crescimento econômico, e diante da crescente demanda é necessário propiciar oferta adequada, a qual só é garantida com o aumento da produtividade, com condições adequadas para atingir a população como um todo.

É onde entra o setor da logística, no qual a área privada apresenta-se como aquela melhor dotada para prover das eminentes condições a esta cadeia. A privatização das ferrovias, por exemplo, cuja falta ou mesmo os precários atributos atualmente atravancam a adequada circulação dos produtos brasileiros, é extremamente relevante, pois este meio de transporte carece não só de melhorias urgentes, como da expansão de sua malha a nível nacional, seja para o escoamento da produção, seja no transporte de passageiros.

Portanto, torçamos para que a presidente continue seguindo a linha mais correta de decisões para alavancar o país e não se deixe influenciar por aliados que, visando apenas o benefício próprio, usarão de vários argumentos para se oporem a tais medidas de privatização.

Por Mariana da Cruz Mascarenhas
  

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Paradoxo imobiliário chinês



Imagine o seguinte quadro: o país mais populoso do mundo, onde há um controle da natalidade visando desacelerar o crescimento populacional, contando com regiões residenciais e comerciais praticamente inabitadas, como é o caso da cidade de Ordos apresentada na foto acima. Esse paradoxo de caráter tão surreal é mais verdadeiro do que se imagina e existe na China por uma explicação mais real ainda.

No ano de 2008, quando o estouro da bolha imobiliária norte-americana desencadeou uma crise econômica que espalhou seus tentáculos por nações de todo o mundo, o governo chinês estimulou a oferta de crédito em seu país a fim de impedir a queda do consumo interno. Como resultado, grande parte da população viu no mercado imobiliário uma chance de obter bons investimentos, considerando-se o fraco rendimento das aplicações em banco e do grande risco financeiro apresentado pelo investimento em ações.

Em decorrência disso, de lá para cá houve um aumento acentuado das vendas de residências e escritórios, não apenas em razão do crédito barato, como também do baixo valor dos impostos imobiliários. O mercado de imóveis tem estado tão movimentado que se tornou comum os chineses possuírem mais de uma propriedade, além de suas próprias moradias. Mas o que explica a existência de regiões fantasmas em uma nação com aproximadamente 1,3 bilhão de habitantes é o fato de que os detentores de dois imóveis, sendo a maioria pertencente à classe média ascendente, serem investidores que não estão dispostos a vender a propriedade por um preço menor do que compraram, ou alugá-la.

Portanto estes fatores nos levam a crer que os novos investidores imobiliários aguardam uma significativa valorização de suas propriedades, a fim de poderem lucrar nas vendas. E não são apenas estes que demonstram uma insaciável sede por entrada de capital. Em virtude da grande demanda de aquisição de imóveis, os setores ligados à construção têm trabalhado de forma desenfreada, não somente no que tange ao consumo de materiais e equipamentos como na rápida evolução dos métodos e tecnologias construtivas, indo ao encontro da produtividade que exige tal demanda, de modo que o número de construções já ultrapassa a capacidade de compra da população chinesa.

Essa acelerada movimentação do mercado imobiliário, tanto por parte dos compradores quanto das imobiliárias e construtoras, chega a oferecer riscos para e economia chinesa, uma vez que, se a moeda do país sofre uma grande queda, consequentemente os imóveis se desvalorizarão, acarretando uma grande perda tanto para os setores de construção e de imóveis, que não param de oferecer e construir empreendimentos, quanto para todos aqueles que compraram propriedades a fim de investir.  

Recentemente o governo tem tentado restringir o número de casas compradas por um mesmo cidadão chinês. Em um país onde a compra e oferta parecem não ter freios, trata-se de uma boa medida para equilibrar o mercado, caso contrário o paradoxo imobiliário chinês se estenderá cada vez mais.

Por Mariana da Cruz Mascarenhas