Nestes últimos dias o
assunto “sustentabilidade” vem sendo destaque no mundo todo, principalmente
aqui no Brasil. A razão é a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento
Sustentável, que acontece no Rio de Janeiro desde o último dia 13 de junho.
Chamada de Rio+20, o encontro leva
este nome por se realizar 20 anos após
a Eco 92: primeiro encontro a
reunir congressistas do mundo inteiro no Brasil para discutirem a concretização
e ampliação de uma economia sustentável.
A primeira Conferência
Mundial sobre o Homem e o Meio Ambiente aconteceu no ano de 1972, em Estocolmo.
Com a Eco 92 e a Rio+20 o
objetivo de discutir e concretizar a implantação de medidas que possam
conciliar desenvolvimento e crescimento econômico com ações sustentáveis, a fim
de impedir o esgotamento das riquezas naturais, ganhou extrema força, já que 1972 foi
praticamente o período de nascimento do ambientalismo.
De lá para cá muito se discutiu
a respeito, mas pouco se fez para ampliar o investimento monetário em recursos
pró-ambiente em razão das inúmeras opiniões divergentes, oriundas dos líderes
de diferentes países que muitas vezes funcionam como um entrave para se chegar
a um acordo.
Outra questão de peso
que contribui para a dificuldade de se estabelecer uma medida favorável e
aprovada por todos é o grande paradoxo entre países desenvolvidos e
subdesenvolvidos, já que os primeiros são os pioneiros e principais
responsáveis pelo uso em excesso das fontes naturais e, por outro lado, são os
que mais relutam em investir grande parte de suas riquezas em ações sustentáveis.
Enquanto isso muitas nações subdesenvolvidas e emergentes vêm fazendo sua parte
na preservação ambiental como é o caso do Brasil, que tem investido maciçamente
nesta área.
Se tomarmos como
exemplo a primeira potência econômica mundial, que são os EUA, para ilustrar o
fato acima descrito, é possível ver claramente como a ambição por lucros
capitalistas ainda reina em primeiro lugar na lista de preocupações de muitas
nações desenvolvidas. Totalmente voltados para suas raízes capitalistas que
valorizam primeiramente a geração de riquezas e a competitividade entre
empresas, de forma a colocar a obtenção de lucros acima de tudo, os EUA, ao
contrário da forma ágil com que sempre lidaram e lidam com a implantação de
medidas para agilizarem o crescimento econômico, procuram “tirar o pé do
acelerador” quando o assunto envolve a criação de fundos monetários para o
investimento de medidas em prol da natureza.
É possível conciliar
crescimento econômico com desenvolvimento sustentável sim, mas assim como a
crise econômica – que para ser totalmente combatida necessita de medidas de
longo prazo como foi o caso da Alemanha, que outrora passou por uma grande
reforma econômica e hoje é umas das menos afetadas pela crise europeia – a
sustentabilidade exige medidas, que a princípio acarretarão na desaceleração
econômica por certo período, mas futuramente resultará em um regime produtivo e
sustentável.
Com receio de investir
uma determinada quantia de suas riquezas em medidas ambientalistas, muitas
potências abrem mão de desacelerarem suas economias para ampliarem os gastos
com técnicas sustentáveis, que não acarretarão em lucros em curto prazo.
Por isso, elas
demonstram extrema cautela antes de aprovarem qualquer medida que envolva
disponibilizar dinheiro em prol do meio ambiente, principalmente em um período
que grande parte das nações desenvolvidas tem suas riquezas comprometidas pela
crise econômica. Esta que, nem na gravidade da situação em que se encontra, foi
motivo suficiente para que os países europeus tomassem medidas econômicas de
longo prazo, que dirá realizar tal feito para investir em sustentabilidade.
Entre as discussões
ocorridas até o momento na Conferência da Rio+20,
se destacou a proposta do G77 – grupo constituídos pelos países pobres e
emergentes – lançado oficialmente pelo embaixador-chefe do Brasil nas
negociações, Luiz Alberto Figueiredo: trata-se da criação de um fundo de 30
bilhões de dólares por ano, a partir de 2013, pelas potências desenvolvidas por
serem estas as principais responsáveis pela poluição do planeta.
No entanto, em razão da
crise europeia, este não é o melhor momento para que os desenvolvidos comecem a
investir neste fundo. E tal proposta acabou sendo realmente rejeitada pelos
países ricos. Para substituí-la, foi estabelecido o compromisso de se criar um
fórum para discutir o assunto a partir das nomeações da Assembleia Geral das
Nações Unidas.
O fato é que a
colaboração de tais potências desenvolvidas é imprescindível para que as
técnicas sustentáveis possam sair do papel, já que são elas as principais
detentoras do financiamento mundial. E felizmente, no mundo de hoje, a população
está mais consciente destes fatos e clama por atitudes mais limpas e não
prejudiciais ao meio ambiente. Por isso é relevante que as atitudes
sustentáveis se propaguem cada vez mais para conhecimento de todos.
O incentivo a tais
atitudes sustentáveis também é essencial para melhor a situação do planeta as
quais acredito que podem estar presentes em medidas como a meritocracia , na
qual os governos podem conceder
benefícios extras as empresas empenhadas em poluir menos e não esgotar os
recursos naturais, como forma de incentivá-las a continuar adotando tais
medidas.
O bônus demográfico que
tem se ampliado no Brasil – onde a maior parcela de habitantes está entre 20 e
29 anos, o que indica que futuramente o país terá mais idosos do que crianças
se mantida a porcentagem atual – é uma porta para que a nação invista mais em
educação em termos qualitativos, para formar pessoas mais capacitadas a
elaborarem ideias sustentáveis.
Enfim, a questão é que discutir a chamada “economia verde” com pessoas
vindas de 193 nações, com culturas, histórias, economias, religiões e,
principalmente, interesses distintos, é um desafio de caráter extremamente
audacioso.
Muito se ouve falar de que a realização desta Conferência, como outras
que já aconteceram para discutir a respeito do ambientalismo, acabará não
surtindo resultados proveitosos, mas o fato é que lidar com opiniões tão
divergentes, em que cada um dialoga com base nas características políticas,
econômicas e sociais de seus país, nos leva a refletir que o simples fato de todos
os membros da Rio+20 chegarem a um
mesmo acordo, já representa um grande avanço para a humanidade. Pois, por se
tratar de um problema de repercussão mundial, sua solução não será encontrada
de um dia para o outro, mas pode ser agilizada com a cooperação de todos.
Por Mariana da Cruz Mascarenhas