Um dos maiores patrimônios do Brasil, considerado orgulho de toda a
nação face a sua intensa produtividade e geração de riquezas para todo o país,
colocando-o como um dos protagonistas no cenário mundial do mercado
petrolífero: trata-se da empresa Petróleo Brasileiro S.A. – Petrobrás – criada em 1953 e sancionada pelo
então presidente Getúlio Dornelles Vargas.
Em 2003 a empresa completou 50 anos e, coincidentemente, fazendo jus a
meio século de história e sucesso, alcançou naquele mesmo ano o dobro em produção
diária de óleo e gás natural, ultrapassando a marca de 2 bilhões de barris, no
Brasil e no exterior. Em 2006 a companhia petrolífera não parava de crescer em
produtividade e anunciava mais uma excelente notícia aos cidadãos brasileiros: o
então presidente Lula deu início à produção petrolífera em águas profundas por
meio da Plataforma P-50, na Bacia de Campos, no mesmo período em que a nação
chegava a atingir uma autossuficiência em petróleo por determinado período.
Mas aquele cenário tão habitual e que se tornou parte da identidade
brasileira infelizmente parece estar prestes a mudar suas diretrizes: o
potencial econômico, proveniente das explorações de petróleo que alavancaram o
país mundialmente em termos financeiros durante tantos anos, está sofrendo uma
acentuada reversão. Sim, foram mais de 53 anos contando com a crescente
descoberta petrolífera geradora de riquezas e agora a obtenção deste recurso
natural brasileiro dependerá fortemente também de outros países.
Um dos principais fatores que contribuíram para esta mudança repentina
na gestão Petrobrás ocorreu em razão de medidas tomadas pela presidente Dilma,
que ela acredita serem melhores para conter os tentáculos da crise econômica
mundial – que agora começa a atingir o Brasil com maior impacto. Desde o
primeiro semestre deste ano a presidente vem ordenando uma contínua diminuição
da taxa básica de juros – Selic –objetivando incentivar as instituições
bancárias públicas e privadas a fazerem o mesmo de forma a proporcionar
facilidades de empréstimo aos cidadãos brasileiros.
Reduzida a um valor de 7,5%, a taxa Selic – que chegou a patamares de
incríveis 26,5% no governo FHC - teve a maior redução da história brasileira. Vale
destacar que, se esta taxa for mantida a níveis muito altos, reprime a
economia, por desestimular a captação de recursos e direcionar os investimentos
para o mercado especulativo (aplicações financeiras), por outro lado eleva em
demasia a dívida pública brasileira, como aconteceu na última década do século
passado.
Entretanto é extremamente importante a existência de um equilíbrio na
taxa de juros já que a redução acentuada também trouxe consequências como a
diminuição orçamentária nos fundos brasileiros, que acabaria tendo de ser
recompensada com o aumento da inflação, que também já esta comprometida por ter
ultrapassado a meta de 4,5%. Com tal cenário, Dilma sabia que não poderia
elevar ainda mais as taxas inflacionárias e resolveu manter duas grandezas
inversamente proporcionais (juros e inflação) na mesma diretriz.
Sendo assim a presidente estimulou o maior consumo de produtos
brasileiros – e também de combustível – por meio da oferta de crédito que
contribuiu, inclusive, para manter acelerada a produção de automóveis e, por
consequência, suas vendas. No entanto, ao fomentar o aumento do consumo,
tentando “conter a crise” – e temendo uma repressão da população principalmente
em ano de eleição, o governo federal não aumentou os preços dos produtos e, com
os juros baixos, faltou subsídios para alavancar a produção brasileira, cuja
quantidade passou a ser insuficiente em razão da alta demanda.
Tal situação também ocorreu com o preço do combustível brasileiro que,
mesmo com o aumento do custo internacional do petróleo, manteve-se no mesmo
valor. Resultado: faltou subsídio para fomentar a produção petrolífera, modernizar
os poços, interrompendo assim a prospecção de novas jazidas e atrasando a extração
de óleo da camada pré-sal.
Um estudo divulgado pelo Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE)
aponta que já em 2013 o Brasil estará consumindo mais óleo do que será capaz de
produzir, ou seja, um dos maiores produtores petrolíferos do mundo correrá o
risco de se tornar dependente do petróleo estrangeiro e ainda importando a
preços muito mais altos em razão do aumento internacional.
Portanto, reverter essa situação de caráter agravante é possível sim.
Diante das medidas já citadas – juros e inflação – responsáveis por controlar a
economia brasileira é perceptível que a taxa inflacionária não pode ser elevada
ainda mais em razão do patamar que já se encontra.
Entretanto reduzir os juros a proporções tão históricas não somente
acarretará na redução de subsídios para a produtividade brasileira como
ampliará a possibilidade dos cidadãos contraírem mais empréstimos, ocasionando
mais inadimplências, gerando, portanto, uma falsa imagem de recuperação
econômica brasileira, comprometendo inclusive a imagem do país naquilo que ele
sempre se destacou: a riqueza petrolífera.
Por Mariana da Cruz Mascarenhas