quinta-feira, 31 de maio de 2012

Como salvar os pilares da economia europeia




Passam-se os dias e os noticiários não deixam de divulgar aquilo que já está virando rotina para leitores, internautas, ouvintes e espectadores: a crise do euro, que continuar a espalhar seus tentáculos depravadores pelas economias dos países europeus.

Pioneira, na Europa, em sentir o efeito drástico da desaceleração econômica provocada pela crise de 2008, a Grécia continua a enfrentar sérias dificuldades para lidar com a quitação da grandiosa dívida acumulada pelo país em razão do excesso de gastos.  Além da Grécia, outros países europeus como Portugal, Espanha e Irlanda surtiram e continuam a surtir os efeitos da recessão econômica, que ameaça assombrar diversas potências europeias se medidas mais drásticas não forem tomadas, a fim de estabelecer a contenção da crise.

Diante de tais circunstâncias, somos levados a questionar até que ponto a “blindagem” ocasionada pela adoção de uma moeda única como o euro pode ser rompida, comprometendo os respectivos países que a adaptam ao seu regime financeiro.

Atualmente o euro circula em 17 países da Europa. Apesar de agilizar a transação econômica europeia sem contar, obviamente, os benefícios gerados, por exemplo, pela oferta de crédito, que acaba por estimular o consumo e a produtividade nos diversos países europeus ao mesmo tempo, este sistema de moeda única não é sinônimo de uma economia 100% segura, como estamos percebendo face à fragilização financeira atual.

Muito se discerniu a respeito da tranquilidade financeira que esta medida poderia trazer em razão da homogeneização do sistema econômico europeu, no entanto, há que se levar em consideração a forma como cada país lida com a administração dos recursos econômicos provenientes do euro.

Entre as nações europeias que foram assoladas pela crise, a Alemanha foi a nação que sofreu o menor impacto. Se compararmos as situações econômicas da Alemanha e da Grécia, veremos que as duas nações constituem polos extremos de agravamento financeiro ocasionado pela crise, sendo que a primeira continua com seu desenvolvimento intacto e a segunda foi totalmente tomada por uma desaceleração econômica, acarretando altas taxas de desemprego e quebra de empresas.

Diante de tal fato, podemos chegar à conclusão de que não basta adotar um padrão que possa facilitar a vida de todos os membros que o adaptem para si, se cada um deles não adotar medidas que possam permitir a manutenção deste padrão de forma saudável. Retomando o caso dos dois países já citados, podemos dizer que a Grécia passa por uma situação tão conturbada financeiramente, em razão do excesso de gastos cometidos pelo governo, desde outrora contribuindo para o aumento de suas dívidas.

Por outro lado, a Alemanha adotou comportamento extremamente oposto ao grego, através de medidas conservadoras e de longo prazo que visam a um maior controle monetário como forma de proteção às suas reservas econômicas.  Como resultado, a economia alemã se mantém estabilizada e livre da “corda bamba”, ao contrário das demais economias europeias.

Há de se levar em conta que o fato dos alemães estarem em uma zona de conforto em plena recessão europeia também decorra de medidas aplicadas há muitos anos. Desde a reunificação alemã – uma vez que no período que a antecedeu a economia estava extremamente deteriorada por consequência da divisão da nação em Alemanha Ocidental e Oriental – o país passou por profundas reformas que atingiram maciçamente toda a sua população.

Essas mudanças – que envolveram medidas como diminuição dos salários em troca de menor tempo de trabalho, negociações salariais sendo realizadas diretamente entre funcionários e patrões sem a intervenção de sindicatos – agregadas às medidas austeras, apesar de terem ocasionado grandes dificuldades no começo, repercutiram em resultados que, a longo prazo, contribuíram para o crescimento econômico.

Portanto, o resultado desta estabilidade está na realização de reformas com efeitos a longo prazo, ao contrário do que ocorre na Grécia e em outros países que vêm adotando medidas provisórias a fim de combater a recessão, como a entrada, na Grécia, de maior dinheiro do FMI e da União Europeia – UE, que, a princípio ajudam no investimento, mas contribuem para o aumento da dívida grega, criando um círculo vicioso.

O resultado destas ações de curto prazo se refletiu na indignação da população grega, que se encontra descontente com a gestão do governo e altamente prejudicada em razão do crescimento incontrolável do desemprego. Diante da gravidade da situação foi realizada uma votação entre os partidos, no dia 6 de maio, para que os parlamentares votassem a favor ou contra a saída da Grécia da zona do euro. Em razão da pequena diferença de votos, gerando um empate, o que complica ainda mais a situação, uma nova votação foi marcada para o dia 17 de junho.

Abordando o caso de modo mais abrangente, Portugal, Espanha, Irlanda e Itália também correm altos riscos de se prejudicarem financeiramente ainda mais, caminhando na direção do desgaste sofrido pela Grécia. Fala-se em medidas austeras e, principalmente, na intromissão de novos pacotes econômicos auxiliadores, mas o fato é que só austeridade não resolve, pois o alicerce do regime monetário europeu está comprometido e se medidas ao alcance do problema não forem tomadas, o impacto será mundial.

Portanto, como ocorreu na Alemanha, os demais países necessitam de uma reforma econômica urgente e os cidadãos europeus reivindicam isso, como foi o caso dos franceses que elegeram um socialista para a presidência, na espera de mudanças. O pilar da economia está desgastado e se fortes medidas não forem tomadas, “o prédio desabará sobre o planeta com consequências catastróficas para todos”.

Por Mariana Mascarenhas

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Queda dos juros: única solução?




Com a crise econômica continuando a surtir efeitos prejudiciais principalmente entre as nações desenvolvidas pertencentes à União Europeia, o Brasil sofre uma diminuição da venda de seus produtos para o exterior, à medida que a moeda nacional se valoriza mais de forma desproporcional em relação às moedas europeia e norte-americana.

Diante de tais circunstâncias externas, a economia brasileira tende a se prejudicar no âmbito das relações exteriores, mas se fortalece conforme o país eleva sua produtividade interna incentivando o consumo de seus produtos.  Para que tal fato ocorra é necessário que o Brasil estimule o avanço da produção com a entrada de maior capital oriundo do dinheiro disponibilizado pelo governo e movimentado pelos próprios trabalhadores. Para que estes possam aumentar seu poder de compra é necessário promover a queda da inflação, como vem ocorrendo recentemente com as medidas adotadas pelo atual governo.

No entanto, a diminuição das taxas inflacionárias não foi suficiente para alimentar o aumento de gastos realizados pelos consumidores brasileiros. Percebendo tal situação, o governo, preocupado em estimular mais avanço econômico, resolveu ampliar a oferta de crédito reduzindo os juros das instituições bancárias estatais e a Selic – taxa básica de juros – como incentivo para que os bancos privados adotassem as mesmas medidas em relação à concessão de empréstimos.

Sabemos que, se a inflação é reduzida como forma de proporcionar o aumento do consumo e este acaba não ocorrendo, acontecerá uma redução da entrada de capital interno no país, em razão de baixas taxas acompanhadas de consumo reduzido. A fim de melhorar a situação, o governo opta pela redução dos juros bancários, o que acarretará na diminuição da entrada de dinheiro para as instituições bancárias e sua movimentação monetária com o Banco Central (BC).

Se tanto a redução inflacionária quanto a dos juros pode proporcionar diminuição de capital, isso significa que esses dois termos devem andar de forma inversamente proporcional, de modo que, se um se eleva, o outro precisa diminuir.

Neste momento pode surgir o pensamento de eu estar apresentando uma ideia equivocada quanto à diminuição dos juros, visto que o objetivo desta medida é simplesmente estimular os cidadãos a realizarem mais empréstimos para aquecer o mercado consumidor. Porém, não basta reduzir a Selic para que as instituições privadas também reduzam as taxas cobradas sobre os empréstimos, a fim de evitar um aumento do spread –– indicando que os bancos privados, ao solicitarem empréstimos ao BC, pagam uma taxa de juros inferior à cobrada por eles sobre seus clientes, aumentando seus lucros – fato duramente criticado pela presidente Dilma, que mostrou descontentamento ao saber que, mesmo reduzindo a Selic, os bancos privados nada fizeram para ofertar maior crédito.

Abro um parêntese aqui para ressaltar que, na teoria, a ideia defendida pela nossa presidente não deixa de estar certa, mas existem outros fatores motivadores a não permitir que as instituições privadas reduzam seus juros repentinamente como fizeram a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil.

Como estamos em um período de constante crescimento da classe C, cujo poder aquisitivo vem se elevando há um determinado tempo, houve um aumento da oferta de financiamentos e, consequentemente, o número de pessoas a fazer empréstimos aumentou, o que também acarretou no aumento da inadimplência e do calote financeiro. Portanto é preciso agir com cautela antes de se conceder ofertas de crédito, para evitar que a economia brasileira, em vez de alavancar, sofra um retrocesso com uma possível queda das instituições bancárias.

Outro fator importante é que o imposto cobrado pelo governo aos bancos não é baixo, o que dificulta que eles reduzam os juros na concessão de empréstimos. Um terceiro aspecto considerável para que o crédito não seja ofertado repentinamente se refere ao grande número de depósitos compulsórios, dinheiro que os bancos precisam deixar estacionado no BC como garantia.

Diante de tais fatos e, antes que Dilma questione e critique o comportamento de bancos privados, é necessário entender que a oferta de crédito precisa ser estimulada pelo próprio governo, ao criar medidas mais propícias para a redução dos juros. Em junho do ano passado, por exemplo, o governo sancionou uma lei que institui o Cadastro Positivo. Trata-se de um registro de todos os pagamentos efetuados pelos consumidores a fim de se ter um maior controle sobre o número de inadimplentes, bem como os bons pagadores. O objetivo da lei é financiar, com juros mais baixos, clientes que sempre estiveram em dia com seus débitos. Assim os bancos teriam chances muito menores de sofrerem um calote. Entretanto, a lei ainda não foi regulamentada, impedindo a adesão dos .

Portanto, podemos concluir que, se tomadas as devidas precauções, serão medidas como essas que poderão contribuir para que a economia volte a operar com maior força, de modo que ela não sofra nenhum retrocesso.   

Por Mariana Mascarenhas

segunda-feira, 7 de maio de 2012

A derrota de Sarkozy pela crise do euro




Depois de 24 anos sem ganhar a presidência da França, o regime socialista volta a governar o país com a vitória de François Hollande sobre Sarkozy, o único presidente francês que não conseguiu se reeleger nos últimos 30 anos.

Pode-se dizer, sem sombra de dúvidas, que a grande crise econômica, que continua alarmando tantos países pertencentes a UE, foi um dos fatores de maior contribuição para a derrota do atual presidente. Os planos de austeridade fiscal - envolvendo cortes nos gastos públicos, redução de funcionários, diminuição dos benefícios para servidores estatais e aumento da idade para aposentadoria – impostos por Sarkozy, que também pressionou outros países europeus a adotarem tais medidas, fez com que a população sentisse na pele os efeitos da queda do euro.

Por mais que a situação econômica europeia seja extremamente alarmante, a população não aceita ser altamente prejudicada e por isso escolhe novos governantes na esperança de que outras medidas sejam adotadas no combate à crise. Mas será que sacrifícios como esses não seriam necessários, tendo em vista que a crise se agrava cada vez mais em países europeus, requerendo soluções cada vez mais austeras para lidar com um problema de tamanha repercussão?

Isso me faz lembrar a grande rejeição que o presidente Obama sofreu logo que entrou no poder, em razão de um desgaste econômico que acarretou em muitos desempregos. Mas devemos levar em consideração que, se uma das maiores potências mundiais sofre uma crise como a de 2008, a sua recuperação não ocorreria de um dia para o outro.

Por Mariana Mascarenhas