Uma pesquisa divulgada
na mídia pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial – Iedi –
em fevereiro de 2013, revelou que o custo de trabalho na indústria brasileira
registrou um aumento recorde em 2012: trata-se de uma alta de 6,6% - a maior em
11 anos, desde que a pesquisa começou a ser feita - que corresponde ao dobro do
aumento registrado em 2011, de 3,2%.
Diante de tais
estatísticas, há de se perguntar por que o setor industrial brasileiro se
encontra nesta fase, diante do crescimento financeiro da nação. Enquanto a
economia de muitos países, principalmente dos desenvolvidos pertencentes ao
continente europeu, ainda patina amadoramente, tentando se equilibrar e se
livrar de vez dos tentáculos da crise econômica de 2008, o Brasil pode respirar
muito mais aliviado neste cenário de tensão mundial contando, para isto, com a
ajuda de suas reservas monetárias e ascensão das classes sociais que contribuem
para o enriquecimento da nação.
Portanto, se o Brasil
tem sido a menina dos olhos nos palcos da economia mundial, é preciso analisar
mais a fundo o que tem ocorrido dentro dos setores que sustentam a economia
nacional. Apesar do cenário altamente positivo para o desenvolvimento do país, sua
linha econômica ascendente, que vem se destacando desde 2008, parece perder
cada vez mais fôlego - mantendo-se agora praticamente estagnada.
Como já abordei em postagens
anteriores neste blog, agora o governo brasileiro parece sentir com maior
intensidade os efeitos da crise, apesar do Brasil se manter em destaque sobre
muitas outras nações e, a fim de tomar medidas para alavancar a economia, em
2012 a presidente Dilma incentivou a oferta de crédito e baixou os juros – para
ajudar no estímulo ao poder de compra populacional. Ciente de que reservas financeiras não duram
eternamente, ela se conscientizou da necessidade de redução de gastos
governamentais para aliviar o caixa monetário, mas, para isso, não seguiu o
caminho mais apropriado ao se preocupar em reduzir a produtividade,
indispensável para a manutenção das “engrenagens econômicas brasileiras”, e
manter o valor do imposto acima da média tolerável.
Ou seja, a população
manteve o pagamento do nível de tributação e sofreu com a redução da oferta que
não supriu toda a demanda. E com o setor industrial não foi diferente, já que
este também sentiu os pilares de sua estrutura serem afetados pela diminuição
de investimentos na produção. Segundo o Iedi, esse é um dos fatores que
contribuíram para o aumento do custo industrial, pois, diante deste quadro, a
redução produtiva também acarreta numa consequente diminuição dos lucros, seja
no âmbito nacional ou internacional, já que os produtos importados sairão muito
à frente em termos de competitividade.
Outro fator apontado pelo Iedi para o aumento
de custos industriais envolve a elevação média de 5,8% nos salários dos
funcionários. Mesmo com a produtividade em queda e pressionada pela
competitividade, a indústria optou por não demitir alguns empregados - a fim de
cortar despesas - e arcar com o aumento salarial.
Isso se deve à falta de
mão de obra qualificada no mercado brasileiro atual. Com um setor de serviços
muito bem fortalecido e em constante evolução (proporcionando diversos
benefícios aos trabalhadores), são inúmeros os cidadãos que se veem muito mais
atraídos por este ramo do que o industrial.
Ademais, a ampliação de
mecanismos de acesso ao ensino contribui para que muito mais pessoas aprimorem
seu currículo e busquem maiores oportunidades. No entanto, o Brasil herdou
graves problemas no setor de Educação, principalmente no final da década de 90,
não somente pelo desestímulo à formação de professores, sucateamento dos
aparelhos de ensino, como por uma mudança na educação em termos muito mais quantitativos
do que qualitativos.
Tal fator ocorreu em
razão do aumento do número de faculdades e universidades particulares e da
ampliação da oferta de cursos para que mais brasileiros se formassem, sem que houvesse
a mínima preocupação com a qualidade destas instituições, do nível do corpo
docente e desses cursos, jogando um número cada vez maior de graduados sem a
devida qualificação no mercado, ao nível do que este necessita - em
contrapartida, o amplo leque de ocupações oferecido pelo mercado de trabalho brasileiro
atual leva, de qualquer forma, a uma maior escassez de mão de obra.
Caberia não somente ao
governo atual - e os que vierem a sucedê-lo - efetuar uma ampla requalificação
do ensino, como os empresários investirem na capacitação e treinamento adequado
desta mão de obra, proporcionado incentivos, como nos exemplos proporcionados
há décadas atrás pelas Federações e Confederações do Comércio e da Indústria -
os sistemas SESI, SENAI, SENAC, etc.. espalhados pelo país.
Em 2012, o Governo
tentou atenuar o problema de custos e da competitividade para a indústria ao anunciar
medidas como a redução da conta de luz, diminuição dos impostos sobre salário,
queda dos juros e interferência cambial. Porém, com uma acentuada limitação na
produtividade, acompanhada pela escassez da mão de obra no mercado - que praticamente
impossibilita algumas demissões, o que em tese acabaria ocorrendo no momento
atual, diante do aumento de salário e orçamento em geral – não há medida, de
mesmo âmbito das mencionadas acima e implantadas pelo governo, que facilitará o
bolso do setor industrial.
Por Mariana da Cruz Mascarenhas