O ano de 2013 tem sido
muito intenso para o Brasil, uma vez que o país vem vivendo um marco histórico
depois da redemocratização. Nunca, desde o período do impeachment do ex-presidente
Fernando Collor, clamores de todos os lugares do país bradaram tão alto e unidos
em prol de condições adequadas de educação, saúde, segurança, transporte, lisura no trato com a coisa pública,
enfim... todos os aspectos que devem listar como prioridade na lista de deveres
essenciais dos governantes em todos os níveis para com o povo.
Mas, infelizmente,
mesmo com a conquista da democracia, a população brasileira não deixou de ser
manipulada como verdadeiro fantoche nas mãos de políticos
conforme seus interesses, principalmente dos corruptos, que se aproveitam
do suor de cada trabalhador brasileiro convertido em impostos, para benefícios próprios. Cansada de se sentir
dentro de um circo como palhaça pisoteada pelos “mágicos” governantes,
que fazem o dinheiro destinado às melhorias sociais sumir num piscar de olhos,
a população continua a cobrar resultados imediatos de investimentos,
principalmente nos setores mais carentes da sociedade.
Visando
demonstrar atenção e preocupação com todas as reivindicações feitas pelos
manifestantes, os governantes tomaram algumas medidas para tentar abrandar o
gigante – sendo a principal delas a redução das tarifas do transporte público –
depois que movimentos revoltosos praticamente estagnaram o país durante o mês
de junho. Tal medida serviu para suavizar os clamores populacionais da forma
como o governo desejava, no entanto, a medida serviu muito mais como uma
solução imediata para conter a revolta da população – principalmente por
estarmos próximos do período eleitoral – momento sagrado para a maioria dos
governantes que se sujeita a tudo em troca de votos – do que algo realmente
pensado para trazer benefícios à nação.
Em períodos
de recessão europeia, cuja durabilidade parece se eternizar tamanha a gravidade
do problema, o Brasil precisa voltar os olhos cada vez mais para si e tomar
outras medidas que realmente poderão reverter seu cenário para melhor, como
estimular ainda mais sua competitividade interna para acelerar o desempenho
produtivo do país e girar a roda econômica numa velocidade muito mais alta,
impulsionando seu pífio PIB.
Mesmo com a alta do
dólar, a produção interna, que em tese deveria estar em melhor patamar, não vem
recebendo o fomento necessário para alavancar o PIB brasileiro, que permanece
praticamente congelado – quando o dólar sofre uma acentuada desvalorização, o país tende a importar maior quantia de
produtos reduzindo a competitividade nacional e prejudicando sua própria
produção interna, como ocorreu nos idos de 2001 – quando o dólar praticamente
bateu na casa dos quatro reais – cenário este que espera se reverter com a valorização da moeda
estrangeira, já que o país, na teoria, tende a voltar mais para o consumo
interno em razão da elevação dos preços dos produtos estrangeiros.
Mas, mesmo com o dólar em alta, o Brasil não se sentiu estimulado a
fomentar investimentos nacionais em sua produção interna industrial, por
exemplo, e o resultado foi um cenário marcado por uma quantidade insuficiente
de produtos para atender a demanda crescente dos consumidores.
Paralelamente, a presidente Dilma propiciou condições aos agentes
financeiros para aumento da disponibilidade e facilidades na concessão de
créditos visando, em primeiro plano, melhoria das condições de vida da
população, com consequente incremento da produção – impulsionando assim a
economia interna e, claro, lograr dividendos eleitorais. Entretanto, tais agentes
não tomaram os cuidados devidos estabelecendo critérios e filtros adequados,
devendo ter restringido um pouco mais a concessão de crédito, já que um
estímulo desenfreado certamente acabaria em endividamento de muitas pessoas,
principalmente as de baixa renda que possuem dificuldades em saber controlar
gastos e não estavam habituadas com a facilidade de crédito, já que muitos
acabaram de ascender à classe C.
Acostumados a se aproveitar dessa conjuntura, empresários e o comércio
em geral aplicaram a lei da oferta e da procura e a consequência seguinte foi
um aumento dos preços acompanhado da elevação da inflação. Todavia, no mês de
julho, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) apontou uma pequena mudança
neste cenário ao registrar um aumento de apenas 0,03%, o resultado mensal mais
baixo em três anos.
De qualquer forma essa
estagnação inflacionária não é digna de comemoração, por menor que seja, já que
a taxa ainda continua muito acima da meta de 4,5% – e quase próxima ao limite máximo permitido de
6,5%. Outro quesito que deve servir de alerta principalmente para os
governantes, que tentam transformar qualquer pequena mudança positiva em
verdadeiro milagre econômico a fim de conquistar mais votos, é que o país teve
uma queda de preço, principalmente em relação ao setor alimentício, devido ao
fator sazonal, que contribuiu para aumento da produtividade e redução da
inflação – e mesmo assim tal
redução não significou o retorno dos preços aos patamares anteriores à crescente
elevação da inflação, o que aconteceu é que as taxas inflacionárias
impulsionaram um aumento tão assustador do valor de certos alimentos, como o
tomate por exemplo, que a acentuada diminuição dos preços levou a mera ilusão
de que o cenário econômico, neste quesito, se normalizava voltando aos valores
anteriores.
A redução das tarifas
de transporte público também foi essencial para este cenário. Porém, a imediata
redução das passagens no momento periga se converter num aumento muito maior no
futuro, dada a forma como as medidas foram tomadas, diante de tamanha pressão
populacional o que, por sua vez, poderá acarretar em elevações inflacionárias
mais adiante.
Uma medida que passou a ser defendida pelo prefeito de São Paulo,
Fernando Haddad, para combater o risco deste aumento seria a elevação dos
preços dos combustíveis para subsidiar o transporte público, como também para
resgatar a condição financeira aos acionistas da Petrobrás, aumento este
defendido por setores empresariais e financeiros interessados nos lucros dos
combustíveis e das ações. A empresa no momento arca com maiores gastos em razão
da alta do dólar, mas este aumento, por enquanto, não chega ao consumidor final
já que a presidente Dilma optou por conter o preço do combustível num patamar
razoável e assim a Petrobrás acaba saindo no prejuízo por gastar mais do que
ganha para novos investimentos. Trata-se realmente de uma “faca de dois gumes”,
já que qualquer medida que pese mais no bolso do contribuinte implica num
repasse em cadeia ao preço dos produtos, e quem paga a conta sempre é a ponta
da cadeia, ou seja, o consumidor, implicando em alta da inflação, fato que resultará
numa insatisfação popular maior ainda, cujo resultado tem sido visto pelas
ruas.
Ao analisar todos estes cenários, podemos chegar à conclusão que o
Brasil está tentando se equilibrar por medidas superficiais, que tentam
sobreviver sobre uma raiz podre, a qual deve ser alterada para que a nação
decole de vez. Ou seja, enquanto os corruptos e sua podridão não forem punidos
como merecem, extirpando o mal pela raiz, de nada adiantará adotar soluções que
crescem sobre uma base podre. Pois, por mais que o governo tente disponibilizar
recursos para promover a melhoria populacional em tantos aspectos, quase nada
será feito se estes financiamentos estão sob as mãos de “lobos”, que desviam de
seus objetivos abocanhando as verbas para si próprios, enquanto tantos cidadãos
morrem vítimas de segurança, saúde e alimentação precárias ocultadas por
estatísticas que omitem uma realidade muito mais obscura. Isso sem falar na
educação, itens primordiais para
capacitar a população a correr atrás dos demais setores citados acima.
Tomemos como exemplo
mais este caso de corrupção, entre inúmeros outros, que estourou recentemente
na mídia, referente ao esquema de cartel combinado entre as empresas que participaram
dos processos de licitações para investimentos no setor de transporte, entre os
anos de 1998 e 2008. Encabeçando o esquema corrupto, a gigante alemã Siemens,
que também conta com um histórico de ilegalidades em outros países, tinha como
principal objetivo eliminar a competitividade entre as companhias concorrentes,
que disputaram em leilão os recursos oriundos do governo para investir no
transporte, de modo que a gigantesca alemã seria sempre a escolhida para
participar dos contratos de licitação com o governo.
Embora ainda não
comprovado oficialmente, não faltaram afirmações sobre a possibilidade da
imensa quantia de propina paga aos governantes para fazerem vista grossa a todo
o esquema e facilitar o vencimento da empresa nos leilões, o que certamente é
de praxe para permitir tamanha armação empresarial, ou será que os governantes
não se deram conta do cartel que era formado embaixo de seus narizes e por isso passaram ilesos a eles? Afirmam que jamais
tentariam se aproveitar da situação. É mais fácil os personagens de contos de
fada ganharem vida do que tal hipótese ser verdadeira.
Enfim, são esquemas
como esse e tantos outros que preenchem os espaços de jornais, revistas, sites
e telejornais que apenas confirmam a urgente realidade de se combater um mal
que praticamente cresceu com o Brasil como um câncer de nascença: a corrupção,
cuja extirpação será determinante para o país crescer continuamente sem
oscilações.
Por
Mariana da Cruz Mascarenhas
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