Se conseguir dólares
proteja-os debaixo do seu colchão. É justamente essa a medida que vem sendo
adotada por grande parte da população argentina, que mal consegue ter acesso ao
dólar diante das restrições impostas pela presidente Cristina Kirchner.
Em 2001 a Argentina
viveu uma profunda crise econômica que resultou no calote de uma dívida pública
de U$ 100 bilhões na época. O país sofreu um grande abalo em seu caixa, já que
o calote afastou investidores e empresas estrangeiras e dificultou a obtenção
de empréstimos internacionais. Desde então o país não conseguiu financiar suas
contas externas e suas reservas internacionais – que funcionam como um seguro
em caso de crise – vêm diminuindo.
A atual ausência de
dólares no mercado argentino disparou a cotação de modo que, no dia 23 de
janeiro, o peso – a moeda oficial da argentina – sofreu uma queda de 11%, a
pior desde 2002. No mesmo dia, as reservas internacionais perderam U$ 180 milhões,
reduzindo-se a U$ 30 bilhões. Somente a título
de comparação, as reservas brasileiras possuem um valor de U$ 370 bilhões.
A queda das reservas é
um dos fortes fatores que contribui para que a presidente Kirchner venha
colocando suas garras de fora desde que entrou no poder, em 2011, por meio de
sua intervenção estatal. Temendo a maior fuga de capital estrangeiro, Cristina
proibiu a venda de dólares, restringiu importações e
compras no exterior e passou a cobrar uma taxa de 35% sobre o turismo
estrangeiro.
Em janeiro último o
governo da Argentina acabou surpreendendo ao liberar a compra de até U$ 2 mil por
mês para trabalhadores que ganham 7200 pesos (equivalente a R$ 2,1 mil). Medida
perigosa, pois uma liberação cambial despreparada resultará em maior
desvalorização da moeda e elevação da inflação. Certamente trata-se de uma ação
improvisada, diante de um cenário em que trabalhadores e empresários tentam
burlar as restrições a cada nova proibição de compra do dólar, temendo o que
estará por vir.
O Brasil pode começar a
se preocupar com a alarmante situação de los
Hermanos, já
que 8% de suas exportações são destinadas unicamente para a Argentina, afetando
o comércio bilateral, sem falar nos investidores estrangeiros que podem associar
as fragilidades econômicas brasileiras às ocorridas no país do Maradona.
Por Mariana da Cruz Mascarenhas
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