Desde o fim do ano
passado, o valor do PIB – Produto Interno Bruto - brasileiro permaneceu
praticamente inalterado e
seu crescimento não ultrapassou a taxa de 2,5%. Buscando mudar esse cenário o governo do Brasil
vem adotando diversas medidas as quais acredita serem eficazes para alavancá-lo.
Redução dos juros das
instituições bancárias públicas, aumento da concessão de créditos, incentivo a
determinadas indústrias e estímulo ao crescimento do mercado automobilístico fazem
parte do conjunto de medidas que
visam a melhora econômica brasileira. A Selic – taxa básica de juros – foi reduzida
a proporções históricas (ao nível de 8%) visando incentivar a concessão de
empréstimos a juros baixos por parte dos bancos, disponibilizando mais recursos
para que, com o incremento do consumo, os consumidores brasileiros possam movimentar
a produção e os serviços.
O tempo foi passando,
tais medidas foram sendo implantadas, mas o valor do PIB não se locomoveu. Permanecendo
sob o mesmo patamar em que se encontrava quando o governo ainda discorria sobre
o que fazer para acelerar a economia, o valor do PIB continua a níveis bem mais
reduzidos se comparado principalmente ao ano de 2010, quando seu valor atingiu
um crescimento de 9% no primeiro
trimestre. A maior aceleração desde 1995.
Naquela época o mundo todo pôde sentir as consequências do estouro da
bolha imobiliária do mercado financeiro norte-americano em função da grande
crise econômica, que atualmente espalha seus tentáculos sobre a Europa,
provocando um agravante desequilíbrio financeiro em grande parte dos países que
adotaram o euro. Mas no período de estouro da crise, o Brasil quase não sentiu
impacto em razão da boa situação econômica em que se encontrava, aliada às
reservas financeiras, que permitiram que as engrenagens da produtividade
brasileira não parassem de rodar.
Entretanto, o efeito “marolinha” da crise, como descrito pelo ex-presidente Lula,
agora parece querer ganhar forças para se tornar ao menos um pequeno tornado,
já que a situação econômica brasileira não se encontra tão favorável como
outrora e o valor do crescimento financeiro permanece inalterado.
Diante deste cenário somos obrigados a questionar o motivo para que o
PIB não consiga mais decolar. A resposta se encontra numa pequena palavra
denominada infraestrutura. Com a queda das exportações brasileiras motivada
pela crise externa, o país precisa voltar os olhos para o lucro interno, o qual
não pode ser oriundo apenas do incentivo ao consumo, mas, primeiramente, da
produtividade.
A qualificação da mão
de obra e o estímulo à competitividade entre as empresas são pilares
fundamentais para aprimorar a infraestrutura brasileira,
considerada o alicerce para a sustentação de uma economia. No entanto, o
governo parece andar em sentido contrário ao fomentar ainda mais o
intervencionismo estatal, algo que neste momento não é a melhor solução, considerando-se que tudo que o
setor privado menos precisa atualmente é de entraves que dificultem o seu
desenvolvimento. E, para agravar a situação e exemplificar o que foi dito, basta
analisarmos a atitude do governo brasileiro que, ao invés de acelerar,
contribuiu para o atraso da engrenagem da produtividade, ao elevar a tributação
dos investimentos e empréstimos internacionais, intervir na cotação do dólar,
impor barreiras aos produtos importados entre outros...
É preciso analisar
que muitos destes produtos importados se encontram a preços abaixo dos
nacionais, o que contribuiria para que determinadas empresas reduzissem gastos
na compra de equipamentos de forma a terem um maior aparato para produzir a
custos mais baixos, o que seria bom para
alavancar a produtividade, já que um maior número de indústrias estaria disponível
para comprar o material necessário à produção. Entretanto, o governo precisa se
conscientizar disso e reduzir a tributação de determinados produtos de origem estrangeira.
Na Argentina, por
exemplo, muitas empresas privadas já estão se desacostumando com o termo
“importação”. Diante da crise europeia que se abate sobre as nações de todo o
mundo, a presidente argentina Cristina Kirchner resolveu adotar medidas
extremamente protecionistas e proibir as empresas de realizar importações de
diversos produtos – sendo muitos deles essenciais para a manutenção da
produtividade do país.
Qualquer argentino que queira comprar dólar passará por pesadas
restrições que visam justamente o controle excessivo sobre a entrada de capital
e materiais estrangeiros no país. Como consequência desse intervencionismo
estatal abusivo, as corporações argentinas se encontram praticamente estagnadas,
muitas fecharam ou estão a ponto de fechar suas portas.
O intervencionismo
estatal presente na Argentina é um belo exemplo de medidas que não devem ser
tomadas para lidar com a crise europeia. Se as economias dos países
desenvolvidos estão se desvalorizando e se comprometendo com a crise, a adoção de medidas protecionistas de caráter extremo por parte
dos países em desenvolvimento, para que não sintam o impacto financeiro
negativo, não é a melhor solução. Sem as importações, as empresas não poderão
deter de aparato suficiente para manter a produtividade.
Portanto, os governos
brasileiro e argentino, principalmente, deveriam parar para refletir que este é
o melhor momento para a compra de produtos estrangeiros essenciais para
alimentarem a engrenagem da economia e do PIB, contanto que estes países
reduzam suas tarifas de importação ao invés de aumentá-las dificultando a
participação no comércio exterior.
Por Mariana da Cruz Mascarenhas
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