Um trilhão e meio de reais! Essa “simples”
quantia, cuja real mensuração já é difícil imaginar, corresponde ao valor que
foi parar nos caixas do governo brasileiro em 2012, graças à contribuição
tributária de cada empresário, produtor e trabalhador no Brasil.
Diante de tal valor é de se estranhar que,
mesmo que ele tenha se saído muito melhor do que muitos outros países na crise
econômica internacional, o Brasil foi afetado por alguns fatores como intensa
desaceleração do PIB, redução da produtividade e do investimento em
infraestrutura. Ou seja, o famoso trilhão não foi páreo para acelerar todos os
pilares de desenvolvimento nacionais.
Analisando a situação de acordo com o senso
comum podemos tachá-la de incabível, mas, antes de qualquer julgamento, é
necessário fazer um desdobramento dos setores que regem a economia nacional e
necessitam de arrecadação tributária. Além dos gastos necessários com a infraestrutura,
existe uma séria de áreas que provocam a redução dos cofres nacionais de modo
até mesmo exagerado. São gastos com a máquina pública, aposentadoria e seus
benefícios, salários de servidores, entre outros...
Aqui abro um parênteses para ressaltar que,
antes que surjam errôneas interpretações, não digo que gastos com
aposentadorias, por exemplo, possam ser taxados de exagerados, mas que existem
outros setores como Educação, Segurança e Saúde que necessitam de investimentos
urgentemente.
Mais alarmante do que a quantidade de verbas
para cada setor nacional é a administração delas de modo a aplicar
adequadamente cada centavo gerado pelo povo brasileiro. Uma boa gestão administrativa
é requisito fundamental para o desenvolvimento da nação, mesmo que em alguns
momentos ela esteja com verbas abaixo do necessário para os devidos
investimentos, pouco dinheiro bem aplicado surtirá muito mais resultados do que
grandes quantias financeiras mal administradas, pois apenas parte destas chegarão
– se chegarem – aos seus devidos destinos.
Portanto, há de se levar em conta que o
Brasil enfrenta uma série de entraves que dificultam a aplicação devida das
verbas. Além da falta de uma gestão mais qualificada, os excessos burocráticos
na concretização dos projetos, as dívidas públicas, a lentidão no licenciamento
ambiental e a tão famosa corrupção brasileira, que já tomou como lar o
Congresso Nacional e as demais casas executivas e legislativas brasileiras, são
os principais motivos que podem justificar, por exemplo, porque o tal trilhão
não foi suficiente para arcar com todos os gastos necessários. Há, portanto,
que se adotar em todo o país urgentemente um choque de moralidade.
Em 2012 a presidente Dilma, visando cortar
gastos reduziu investimentos e, consequentemente, a produtividade brasileira.
No entanto, o Brasil não podia se estagnar economicamente e o Governo Federal incentivou
a oferta de crédito e a redução dos juros bancários para que a população continuasse
consumindo e proporcionando lucros para o Brasil.
Resultado: com o aumento do consumo e a queda
na produtividade houve um déficit que acarretou no aumento dos preços e inflação
acima da meta. Além disso, com a redução dos juros e menor controle sobre os
empréstimos, o número de inadimplentes cresceu, impactando significativamente o
consumo brasileiro.
Mas a presidente continuou focada na redução
dos gastos e resolveu reduzir as tarifas de energia para aliviar o bolso da
população. Antes que ela dissesse a palavra “redução”, o termo “racionamento”
já começou a ser ressuscitado, pois o setor energético também foi afetado pela
redução dos investimentos – face à não aplicação dos recursos embutidos nas
tarifas para honrar os compromissos de
investimentos no sistema firmados quando das concessões dos serviços, em 1997 –
e, aliado à fatores climáticos que provocaram uma redução dos reservatórios das
hidrelétricas, redundou na queda na produção, e consequentemente na oferta de
energia.
O setor petrolífero foi outro afetado pela
queda nos investimentos. A Petrobrás expôs ao governo a necessidade de um
aumento no preço dos combustíveis em razão dos grandes atrasos de exploração do
petróleo. Não teve alternativa, e na semana passada a presidente Dilma sucumbiu
ao pedido da empresa e decretou o aumento no preço dos combustíveis.
Todavia, não há nada melhor do que aliviar o
bolso do contribuinte brasileiro, sem que para isso seja necessário reduzir a
produção e todos os demais responsáveis pelas engrenagens da economia
brasileira. Uma boa gestão administrativa, sem prescindir de um choque de
moralidade, contribuiria para que isso ocorresse e os trilhões chegassem ao seu
devido lugar.
Por Mariana da Cruz Mascarenhas
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